São Luís - A pistola calibre ponto 40 encontrada em uma das
dunas da praia do Calhau, em São Luís, na tarde de quinta-feira 05/07, por
policiais civis e peritos criminais, após fazer uma varredura no local indicado
por Jhonatan Sousa, foi confirmada
como o revólver utilizado no homicídio do blogueiro Décio Sá, ocorrido no dia
23 de abril, em um bar na Avenida Litorânea. A confirmação foi feita pelo
secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, durante uma entrevista
coletiva, nesta sexta-feira 06/07. O revólver foi encontrado enterrado a
aproximadamente 20 centímetros e estava com um projétil.
A identificação da arma foi possível após exame de
confronto balístico realizado por peritos do Instituto de Criminalística do
Maranhão (Icrim), órgão ligado à Superintendência de Polícia Técnica Científica
(SPTC) da Polícia Civil.
Presentes à coletiva, o secretário-adjunto de Inteligência e Assuntos Estratégicos, Laércio Costa; a delegada geral de Polícia Civil, Maria Cristina Resende; o subdelegado Marcos Afonso Junior; o superintendente Estadual de Investigações Criminais, delegado Augusto Barros; e o diretor do Icrim, Carlos Henrique Roxo. Eles esclareceram também sobre a divergência no depoimento do assassino confesso. “A Polícia sempre teve dúvidas sobre a veracidade deste ponto no depoimento do Jhonatan Sousa. Queríamos entender como se deu toda a logística desde o momento em que ele afirma que deixou o bar na Litorânea até a chegada no sitio, onde teria ficado escondido.
Na reconstituição comprovamos que havia lacunas e
conseguimos que ele contasse onde de fato escondeu a arma e esclarecesse outros
pontos que estavam nebulosos”, explicou Aluísio Mendes, dizendo ainda que as
mudanças do local onde o executor teria abandonado a arma em nada interferem na
investigação.
Ainda segundo explicou o secretário de Segurança, a
arma utilizada foi preparada para este tipo de prática. O revólver foi
encontrado com a numeração raspada, tanto interna quanto externa. Tudo isso,
segundo Mendes, é uma tática usada para atrapalhar a identificação da
procedência do armamento. O secretário de Segurança relatou que a pistola
possuía um brasão e que, em nenhum momento, afirmou que a arma pertencia à
Polícia Militar.
Nos próximos dias, a arma poderá ser enviada para o
Instituto Nacional de Criminalística em Brasília, onde será feita uma minuciosa
perícia para responder todas as dúvidas referentes ao lote e qual o brasão
existia na arma, podendo assim identificar a qual instituição pertence o
revólver.
Em relação ao colhimento de provas, a delegada
geral de Polícia Civil explicou que as investigações da polícia têm a
finalidade de comprovar tudo o que é declarado nos inquéritos. “Só o depoimento
não serve para condenar alguém. As declarações do assassino, das testemunhas
são parte do inquérito. A Polícia Civil tem trabalhado cuidadosamente na coleta
de provas materiais neste caso”, disse a delegada geral.
A prova - O exame de confronto balístico é um procedimento em
que se faz a comparação das coincidências das marcas registradas nos projéteis
encontrados no corpo da vítima com as existentes no cano da arma. Segundo a
perícia técnica criminal, os canos das armas de fogo possuem marcas em sua
superfície interna, que são irregularidades macroscópicas e microscópicas, que
fazem com que cada revólver seja único.
Ao atirar, o executor de Décio Sá disparou os projéteis que ao saírem do interior da pistola ponto 40 receberam estas marcas que ficaram gravadas em sua superfície, na qual cada projétil adquiriu uma “impressão digital”. Esta impressão que confirmou que se tratava da mesma arma utilizada no homicídio.
Segundo o diretor do Icrim, Carlos Roxo, os exames
possuem apenas um resultado. “Neste tipo de exame, ou é positivo ou é negativo.
A comprovação diz se os projéteis saíram ou não da arma”, contou. Detectadores
de metal ajudaram a perícia criminal a localizar o revólver. Estes equipamentos
localizam metais até 40cm abaixo da superfície.
Durante a fuga, o executor deixou cair o
carregador. A perícia já havia encontrado o capacete, a camisa utilizada na
hora de assassinar Décio Sá. A comissão dos seis delegados que trabalham no
caso Décio Sá estuda a possibilidade de pedir à Justiça a prorrogação da prisão
temporária dos suspeitos ou ainda solicitar a preventiva. As novas fases
continuam em sigilo para que o andamento não seja comprometido.
Fonte/o progresso