Nascida em Codó, a maranhense Isabel Cristina Bayma, cunhada de Osama Bin Laden, foi criada nos Estados Unidos na onda da bossa nova, o ritmo brasileiro que explodia na década de 60.
A mãe, a mineira de Araguari Geni Castanheira Bayma, era casada com o compositor carioca Luiz Bonfá (já falecido).
Eles se conheceram na noite carioca, freqüentada assiduamente por Geni. Bonfá planejava atuar no mercado musical americano, que se tornava um reduto da bossa nova.
O casal mudou-se para a Califórnia, acompanhado das duas filhas do casamento anterior de Geni. Uma delas, Isabel Cristina, conheceu na faculdade o saudita Khalil Mohamed Bin Laden, empresário de família milionária, e mudou-se para o Oriente Médio.
Khalil foi nomeado em 1988 cônsul honorário do Brasil na charmosa em Jidá, chamada na Arábia Saudita de “jóia do Mar Vermelho”, pelo então presidente José Sarney devido aos bons serviços prestados a brasileiros de passagem pela cidade – atuava como uma espécie de cicerone.
Na família Bayma, de origem holandesa, uma das mais numerosas e tradicionais de Codó, muitos procuram nas árvores genealógicas as ligações com Isabel Cristina.
O casal tem dois filhos – Tamara e Sultan – que estudaram em Boston (EUA) onde eram chamados de “amigos do terrorista”. Chamados pelos pais, voltaram para a Arábia a contragosto logo após os ataques de 11 de setembro de 2001.
Eles têm dupla cidadania – e passaporte americano.
Em 1998, Khalil bin Laden foi condecorado com a Ordem do Rio Branco. Ele tem ojeriza ao irmão Osama. “Ele costumava dizer que na família dele tinha de tudo, inclusive um louco que era fanático religioso”, lembra o diplomata Luís Vilarinho Pedroso, que o conheceu quando servia na Arábia Saudita, entre 1989 e 1993.
Ao contrário do irmão, Khalil não tem nada de antiamericano. Mantém negócios nos Estados Unidos, para onde viaja com freqüência. Um de seus hobbies é estudar a biografia de milionários americanos.
Khalil vem ao Brasil pelo menos uma vez por ano, acompanhado da mulher. Ela tem poucos amigos e familiares por aqui.
Khalil bin Laden levava muito a sério sua posição de cônsul honorário. Mantém uma “embaixada informal” do Brasil em Jidá (a oficial fica na capital, Riad), que funciona num escritório pertencente a uma de suas empresas.
O lugar exibe a bandeira brasileira hasteada e tem um funcionário permanente, que o saudita paga do próprio bolso.
Khalil também é conhecido pela gentileza.
O diplomata Luís Vilarinho conta que ele ofereceu navios de sua empresa para que famílias brasileiras deixassem o Oriente Médio na época da Guerra do Golfo.
Em 1999, um navio-escola do Brasil aportou em Jidá e os aspirantes a marinheiros mostraram interesse em conhecer a cidade. O comandante proibiu, porque estrangeiros andando em grupo costumam ser malvistos na Arábia Saudita.
O caso foi levado a Khalil, que colocou à disposição dos marujos uma frota de ônibus pertencente ao Binladin Group. Graças a essa providência, os rapazes da Marinha puderam fazer um city tour.
(As informações são das revistas Época e Veja de 2001).