SÃO LUÍS - Há aproximadamente 20 anos, cidades como Balsas, Tasso Fragoso, Anapurus, Brejo e Buriti eram consideradas apenas municípios dependentes da economia às margens de rodovias como a BR-230, BR-135 ou a BR-222. Hoje, a partir da produção de soja, essas cidades ganharam vida própria, economia própria. Mais do que isso, impulsionam um novo Maranhão e a economia de todo um Estado.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetam uma safra recorde de soja para 2011 no Maranhão.
São pelo menos 1,6 milhão de toneladas que serão colhidas até o fim de maio. O volume é 23,6% superior à produção da safra 09/10.
Em muitas fazendas, a produção que no ano passado variou entre 30 e 40 sacas por hectare, hoje os produtores comemoram e afirmam que estão colhendo entre 50 e 60 sacas por hectare. Ou até mesmo mais do que isso. Um recorde histórico.
O crescimento na produção da commoditie no Maranhão é o terceiro maior entre todos os 16 Estados produtores. Na safra atual, o crescimento da produção maranhense somente foi menor apenas que os de Roraima e Piauí.
Em Roraima, a safra atual deverá ter um crescimento de 56,4% em comparação à anterior. No Piauí, a variação chega a 23,6%. A produção maranhense, entretanto, é maior que a desses dois Estados.
Segundo especialistas, existem alguns fatores que contribuíram para esse desempenho tão expressivo do Maranhão na safra 2010/2011.
O principal deles é climático. Nesse ano, os intervalos entre as estiagens e as chuvas ocorreram de maneira ideal. “Quando eram necessárias chuvas, choveu em um bom volume.
E quando foi necessário sol, ele também apareceu nos melhores momentos”, confirma o agrônomo Denilson Rodrigues. Isso somado aos avanços das plantações e também à maior abertura de terras criou um cenário absolutamente favorável ao cultivo da commoditie na safra 2010/2011.
Um exemplo típico disso está na fazenda Norton, na cidade de Tasso Fragoso, a aproximadamente 950 km de São Luís.
Instalada há 15 anos no Maranhão, a propriedade teve seu melhor rendimento na safra 2007/2008, quando conseguiu colher 62 sacas por hectare plantado.
Este ano, a produtividade na fazenda já é de 60 sacas por hectare nos campos “de menor produtividade”.
“Acredito que no pior cenário, vamos ter o mesmo rendimento da safra de 2007/2008”, declara o gerente de produção da fazenda, Bonifácil Neri do Nascimento. A fazenda tem hoje 8 mil hectares plantados.
Norte
Somente para se ter uma comparação do volume de soja que é produzido hoje no Estado, a safra 2010/2011 apenas do Maranhão equivale a 91% de tudo aquilo que foi plantado na Região Norte na safra atual.
No Norte, a Conab contabiliza a produção de soja nos estados de Roraima, Rondônia, Pará e Tocantins. O maior produtor na região hoje é Tocantins.
A safra tocantinense 2010/2011 equivale a apenas 75% de tudo que é produzido no Maranhão.
Os dados da safra 2010/2011 também apontam que o Estado foi o segundo em crescimento de produtividade por hectare em comparação com a safra 2009/2010. A produtividade maranhense deve crescer 12,1% este ano, passando de uma média de 2,6 toneladas colhidas por hectare para 2,9 toneladas.
Apenas o Piauí teve um crescimento mais expressivo que o maranhense. As fazendas piauienses passaram de uma produção de 2,5 toneladas por hectare para 3 toneladas por hectare.
Pelos dados da Conab, no Maranhão, o aproveitamento é maior que, por exemplo, em São Paulo e Minas Gerais.
Em termos de área plantada, a safra atual também aponta que o Maranhão registrou o quarto maior crescimento em todo o país.
O Estado passou de uma área cultivada de 502,1 mil hectares na safra 2009/2010 para 553,8 mil hectares na safra atual. Um crescimento de 10,3%.
A expansão territorial da produção de soja maranhense somente foi inferior à de Roraima, que chegou a 48% de incremento, seguido do Piauí (13%) e do Distrito Federal (11,3%).
Mas, assim como na produção de grãos, o Maranhão também tem uma área total plantada de soja bem mais extensa que as desses três Estados.
Em comparação com Roraima, a área plantada maranhense é 250 vezes maior; em relação ao Piauí é superior em 42%; e quase 10 vezes maior que a do Distrito Federal.
Expansão
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a expansão do cultivo e plantio da soja no Maranhão cresceu de forma gradual desde os anos de 1980. Pelos primeiros dados do órgão, referentes à safra de 1983/1984, o Estado tinha uma plantação inicial de 4,2 mil hectares, com uma produção de 7 mil toneladas de soja. Uma produtividade média de 1,7 toneladas por hectare.
Nos últimos 27 anos, porém, o Maranhão viveu dois grandes saltos de produção. Um nos anos 1990 e outro no início dos anos 2000.
A safra de 1996/1997, por exemplo, teve um crescimento de 37,5%, passando das 192 mil toneladas de soja para 264 mil toneladas.
Hoje, apenas Tasso Fragoso é responsável por essa produção. Na safra 1996/1997, a área plantada aumentou 41% em comparação com a safra de 1995/1996.
Sete anos depois, o Maranhão viveu novamente uma expansão considerável na produção da soja, na safra 2003/2004. O volume de soja produzida cresceu 41,93% em comparação com a safra anterior, passando de 651 mil toneladas para 924 mil toneladas, com uma expansão da área plantada da ordem de 28%.
A primeira vez que o Maranhão teve uma produção acima de um milhão de toneladas foi exatamente na safra seguinte (2004/2005), quando o Estado colheu 1.065.800 toneladas de soja no período. (W.L)
Fonte/http://imirante.globo.com/noticias/2011