São Luis - O pistoleiro paraense Jhonatan de
Sousa Silva, de 24 anos, assassino confesso do jornalista Décio Sá, pode
ser transferido nos próximos dias para um presídio federal de segurança máxima.
A informação foi dada ontem pelo subdelegado-geral de Polícia Civil do
Maranhão, Marcos Affonso Júnior, que
aguarda apenas a oficialização do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN).
"A Polícia Civil já fez o contato com o DEPEN, no intuito de
providenciar a transferência do criminoso. Entretanto, a comissão investigadora
ainda não recebeu nenhum retorno oficial do órgão autorizando esse
procedimento, que se faz necessário para manter a integridade física do preso,
que confessou um dos crimes de maior repercussão no país", explicou Marcos Affonso Júnior.
Mesmo com
a expectativa de receber o ofício do órgão brasileiro responsável pela fiscalização
dos presídios de todo o país, a Polícia Civil do Maranhão não sabe definir para
qual unidade federal Jhonatan de Sousa Silva será transferido. Isso porque, de
acordo com o chefe da comissão investigadora do caso, a escolha do presídio em
que o matador ficará custodiado será feita pelo DEPEN.
"Não
compete à polícia maranhense escolher qual presídio federal receberá o
assassino de Décio Sá. Esses critérios ficam a cargo do DEPEN, que, inclusive,
também se responsabilizará inteiramente pela retirada de Jhonatan Silva dos
cuidados da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão e do deslocamento do
preso à unidade federal escolhida", concluiu o subdelegado-geral.
Jhonatan
de Sousa Silva, que é natural da cidade de Xinguara, no Pará, foi preso no dia
5 de junho como traficante de drogas, em uma chácara, localizada no bairro
Miritiua, município de São José de Ribamar. Na ocasião, o matador de Décio Sá
estava em companhia de um primo, portando 10 kg de crack; uma escopeta calibre
12 e uma pistola ponto 40, semelhante à usada para matar o jornalista.
No dia 13
daquele mês, a Polícia Civil prendeu, por determinação da Justiça, outras seis
pessoas suspeitas de integrarem uma rede de agiotagem responsável por financiar
a morte do repórter da editoria de Política de O Estado. Entre os presos da
chamada Operação Detonando estão os empresários agiotas Gláucio Alencar Pontes
Carvalho, de 34 anos, e seu pai, José de Alencar Miranda Carvalho, de 72 anos.
Também
foram presos na ação policial José Raimundo Sales Chaves Júnior, o Júnior
Bolinha, de 38 anos, e Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Buchecha, de 32 anos,
apontados como intermediadores da morte do blogueiro maranhense. O último a ser
preso foi o subcomandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Fábio
Aurélio Saraiva Silva, de 36 anos, suspeito de ter fornecido a arma utilizada
pelo assassino.
As
investigações indicaram que o jornalista passou a ser alvo dos agiotas depois
que relacionou em uma postagem no seu blog (www.blogdodecio.com.br) o assassinato
do empresário Fábio dos Santos Brasil Filho, o Fábio Brasil, de 33 anos - crime
ocorrido no dia 31 de março, na cidade de Teresina, no Piauí, a uma rede de
agiotagem estabelecida no Maranhão. Para não ser descoberta, a quadrilha
encomendou o crime.
Décio Sá
foi assassinado aos 42 anos, com cinco tiros de pistola calibre ponto 40, três
deles na cabeça, no fim da noite do dia 23 de abril, no Bar Estrela do Mar, na
Avenida Litorânea, em São Luís. A prisão do grupo se deu depois que o
pistoleiro Jhonatan Silva resolveu entregar a quadrilha por não ter recebido
todo o dinheiro prometido pelos agiotas para que ele cometesse os homicídios no
Piauí e no Maranhão.
Em
depoimento, Jhonatan Silva afirmou que, dos R$ 100 mil combinados pela morte de
Fábio Brasil, ele só teria recebido R$ 10 mil, e que dos R$ 100 mil oferecido
pelo assassinato de Décio Sá apenas R$ 20 mil foram pagos. Com os agiotas, a
polícia apreendeu 37 talões de cheques em branco, com assinaturas de prefeitos
maranhenses, situação que reforçou as suspeitas de crimes de agiotagem no
estado.