A
5ª edição da Festa da Colheita aconteceu no último domingo 03/06, no
Assentamento Francisco
Romão.
Açailandia - No último domingo, mais de 700
pessoas tiveram um dia diferente. Café da manhã com alimentos retirados da
terra, música, dança, almoço comunitário e apresentações culturais fizeram
parte da programação da Festa da Colheita. Esse ano foi a 5ª edição da festividade,
que acontece nos interiores do município de Açailândia.
O
evento aconteceu no Assentamento Francisco Romão, a 70 km de Açailândia e contou
com a presença do Bispo Dom Gilberto Pastana, do Padre Claudio Bombieri (Missionário
Comboniano), do vice-prefeito do município, Antônio Erismar de Castro (PT), de
líderes sociais e sindicais e de trabalhadores rurais de diversos
assentamentos.
A
festa foi organizada pelos moradores em parceria com os membros da Paróquia São
João Batista, de Açailândia, da qual essas comunidades rurais fazem parte. O
objetivo foi celebrar o dom da colheita e refletir sobre a terra como local de trabalho.
De acordo com o Bispo Dom Gilberto Pastana, da Diocese de Imperatriz, esse evento
representa a importância de um chão para que todos os agricultores possam morar
e trabalhar.
“Vivemos em mundo onde os agricultores estão sendo cada vez mais expulsos de suas terras, dominadas pelo agronegócio. Eu penso que essa festa da colheita reflete essa realidade e ao mesmo tempo organiza esse povo, para que permaneçam em suas terras e exijam políticas públicas a fim de que haja cada vez mais população no campo e no campo a gente possa ter condições de viver como o Senhor quer que a gente viva”, afirma.
“Vivemos em mundo onde os agricultores estão sendo cada vez mais expulsos de suas terras, dominadas pelo agronegócio. Eu penso que essa festa da colheita reflete essa realidade e ao mesmo tempo organiza esse povo, para que permaneçam em suas terras e exijam políticas públicas a fim de que haja cada vez mais população no campo e no campo a gente possa ter condições de viver como o Senhor quer que a gente viva”, afirma.
As
atividades da 5ª Festa da Colheita ocorreram durante todo o dia. A programação
contemplou uma missa, apresentações culturais, a partilha de alimentos e
manifestações de denúncia e de reivindicação de direitos. “Achamos que essa
festa tem uma importância política por conta da problemática que a gente
enfrenta com a Vale para fazer com que ela cumpra o seu papel social e respeite
o meio ambiente e os direitos das pessoas na região de Açailândia”, conta
Francisco Martins, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais de Açailândia.
Ao
mesmo tempo em que a festa objetiva o agradecimento a Deus pelo fruto da
colheita também promove a reflexão sobre as dificuldades presentes no cotidiano
dos trabalhadores do campo. As comunidades rurais de Açailândia são impactadas por
inúmeros problemas socioambientais decorrentes da implantação e expansão do Programa
Grande Carajás, conduzido pela mineradora Vale.
Reivindicações - O
Assentamento Francisco Romão é uma comunidade de 102 famílias que moram as
margens da linha ferroviária. “Hoje o nosso maior problema é a relação Vale e
comunidade. A gente mora bem próximo à área de duplicação dos trilhos, nós perdemos
estruturas de casas em virtude de uma linha de ferro que passa dentro do assentamento”,
afirma Luziane Silva, presidente da associação dos moradores do Assentamento
Francisco Romão. Segundo ela, essa realidade é comum para todos os assentamentos
que se localizam no Corredor de Carajás, são comunidades afetadas pelo
desmatamento, pelas extensas áreas de eucaliptos geneticamente modificados, pelas
obras de duplicação dos trilhos da Vale, e pelas guseiras e carvoarias.
“Durante
toda a festa, o trem passava a cada 50 minutos e ficou claro para todos o
quanto ele inferniza a vida das pessoas. Como a Vale vem descumprindo sua
obrigação legal de propiciar segurança e vigilância, precisávamos nós mesmos fiscalizar
e orientar as crianças e adultos sobre o perigo de permanecer perto da linha.
Com a duplicação que está por vir, os riscos e os danos infelizmente tendem a aumentar
muito, mas Vale, IBAMA e Prefeitura parecem não estar preocupados. É um descalabro”,
afirma Danilo Chammas, advogado e membro da Rede Justiça nos Trilhos, também
presente à festa.
Marcha
em Imperatriz - A festa da colheita serviu para motivar as pessoas que vivem
diariamente os impactos dos grandes empreendimentos a buscarem políticas
públicas que valorizem o trabalhador do campo e promovam a defesa da vida e do
meio ambiente. Pensando nisso é que os sindicatos, movimentos e ONGs da região
vão realizar uma marcha em defesa da vida e contra a destruição e
mercantilização do meio ambiente na região tocantina. A manifestação vai
acontecer no próximo dia 14 em Imperatriz a partir das 09h30min com
concentração no pátio da Universidade Estadual do Maranhão.
Essa
iniciativa busca ainda relembrar o Dia Internacional do Meio Ambiente, dia 05
de junho, e a realização da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, que ocorrerá de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de
Janeiro.
Fonte/Rede Justiça nos
Trilhos