Imperatriz - Os professores paralisaram suas atividades, os agente penitenciários, os agentes de investigação, os servidores do judiciário, os delegados de polícia e outras categorias de funcionários públicos. Nós, servidores militares, negociamos, negociamos, negociamos... enfim, nos ofereceram algumas migalhas que, para não sermos “indisciplinados”, chamamos de acordo e “engolimos”.
Foram muitos dias longe dos nossos filhos, foram muitas das nossas folgas sacrificadas, foram muitos os riscos e desgastes físicos e emocionais; foram muitas as perguntas: “e aí, o que deu lá na reunião com fulano e/ou com beltrano em São Luis?”, “e o aumento, dessa vez vem?”; foram muitas as expectativas, como diria Roberto Carlos: “foram muitas emoções”, até o tal acordo onde seríamos “agraciados” com 07 (sete) pontos que “mudariam” a vida dos milicianos do Maranhão – regulamentação da carga horária, código de ética em substituição ao famigerado Regulamento Disciplinar do Exército, implantação do adicional noturno, pagamento pelas horas extras a mais trabalhadas além da carga horária básica etc.
O início do cumprimento seria no começo do mês de Julho/2011, com o aumento do vale alimentação para 80% do que recebe um agente de polícia civil, em Agosto seria 100%, ou seja, R$283,00 (duzentos e oitenta e três reais). Desculpas vai e vem, sem convencer ninguém, e eis que surgiu a segurança de que, finalmente, o vale seria de R$250,00 (duzentos e cinqüenta reais) e a euforia tomou de conta dos quartéis, mesmo não sendo menos que o dos policiais civis – tudo bem.
O inacreditável acontece, com disposição dos contracheques no portal do servidor: acrescentaram R$120,00 (cento e vinte reais) ao vale alimentação e retiraram o vale transporte. Trocando em miúdos no que se refere a um Soldado, colocando 120, retirando 92, colocando 22,33 – desconto do vale transporte, restaram apenas R$50,33 (cinqüenta reais e trinta e três centavos) de aumento, ou seja, o vale passou de 130,00 para 180,00.
Gostaria de acreditar que isso fosse um erro grosseiro, mas não tenho essa permissão e o que posso fazer é considerar que o governo não tem o menor respeito com uma classe de trabalhadores que se esmera de domingo a domingo, faça sol ou “chuva de canivete”, sem as devidas promoções, sem o direito à remuneração pelas muitas horas a mais trabalhadas além do que permite a Constituição Federal, sem de nada reclamar; é uma afronta.
Além de demonstrar incoerência em acreditar que um policial militar precisa de menos alimentação que um policial civil, o governo escreve, assim, em caixa alta que não tem nenhum compromisso com a segurança pública e com a sociedade, pois essa “loucura” administrativa é um chamamento à uma revolta dos militares, assim como aconteceu no Rio de Janeiro, em Rondônia, em Minas Gerais, no Tocantins e, mais recentemente, no Piauí.
A sociedade não merece os prejuízos desses movimentos, mas o governo não deixou opção e nós precisamos de dignidade e vamos buscá-la com os meios que não queríamos usar. A culpa não é dos militares, que também são vítimas das ingovernabilidades ou improbidades administrativas.
A R C S P M I A (Associação Regional de Cabos e Soldados da PM e do CBMMA de Imperatriz, Açailandia e Região Tocantina Maranhense)